sábado, 18 de agosto de 2012

Considerações sobre o período eleitoral e o voto nulo

Agora sim. Desde ontem diversos membros de coligações, cabos eleitorais e etc. movimentam-se no facebook contra o voto nulo. Tudo bem, não anula eleição, não vale de nada e blá blá blá. Mas é uma opção que o cidadão tem (se bem que a melhor opção mesmo era entre ir votar ou não). Eu não confio em ninguém, e aí? Bom, a preocupação maior desses que gritam contra o voto nulo é uma só: o seu dinheiro. Sempre vejo a seguinte desculpa: "se você vota nulo, não pode reclamar se depois um político corrupto rouba o seu dinheiro". A preocupação com uma sociedade um pouco mais saudável, menos ignorante, menos analfabeta (principalmente quando se trata de analfabetismo funcional), entre outras, é escanteada. Na verdade está todo mundo preocupado mesmo é com o próprio bolso, com o próprio salário. O que eu já esperava, tendo em vista a sociedade individualista em que vivemos. Não me espanto com isso. O que eu me espanto é que as pessoas que esbravejam contra o voto nulo não sabem pelo que estão lutando de verdade, ou se sabem, estão se fazendo de loucos. "Vou protestar aqui. Mas não sei o que eu tô fazendo. Mas eu vou protestar. Vai que cola!". A alienação eleitoral fez com que essas pessoas engolissem direitinho a corda dada pelos que estão acima na pirâmide. Essas pessoas realmente acreditam que podem mudar alguma coisa votando em candidato A ou B. Como dizia George Carlin: "Esse país já foi vendido há muito tempo e as merdas que eles mexem a cada 4 anos não significam e nem influenciam em nada". E engraçado que a alienação eleitoral fez com que alguns papéis fossem invertidos. E eu tenho muito medo disso. "Se você não vota, você não tem o direito de reclamar" - Mas, espera aí? É completamente o contrário. Eu não votei em ninguém. Anulei o meu voto. Não interferi em nada. Diferente de você, que foi lá. Votou. E fodeu tudo. "Mas eu não votei em tal candidato que é ladrão", "Mas eu não voto em candidato corrupto". Sabe, algumas vezes na vida a gente precisa assumir a culpa por alguns erros, principalmente erros consecutivos como em períodos eleitorais. Então, independente de você ter votado em figura A ou B, você tem culpa por alguma tragédia administrativa do seu município, estado ou país. É simples, assuma a culpa. Você colabora com candidatos e com o período eleitoral, você está diretamente ligado a isso. Enquanto não assumirmos nosso papel de culpados por toda essa administração LIXO que temos por aí a fora, nada vai mudar. Sabe por que eu falo que temos que assumir a culpa? De onde saem todos esses candidatos? Os corruptos, os estelionatários, os bons candidatos? Saem do nosso dia-a-dia. Eles não aparecem do nada. Saem do seu trabalho, da sua sala na faculdade, da escola do seu filho, da igreja que você frequenta. Saem de locais em que você frequente e as vezes fecha os olhos.

Para finalizar: sabem quando eu vou acreditar que posso mudar alguma coisa votando? Quando todo o trabalho exercido pelo legislativo e executivo forem VOLUNTÁRIOS.
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1- Algumas idéias retiradas, e aprimoradas, de um texto sobre política que já foi postado aqui. Qualquer dúvida vai na barrinha de busca e procura por "Políticos - George Carlin".
2- Livia, escrevi.

A força do presente

Marco AurélioFosse a tua vida três mil anos e até mesmo dez mil, lembra-te sempre que ninguém perde outra vida que aquela que lhe tocou viver e que só se vive aquela que se perde. Assim a mais longa e a mais curta vida se equivalem. O presente é igual para todos, e o que se perde é, por isso mesmo, igual, e o que se perde surge como a perda de um segundo. Com efeito, não é o passado ou o futuro que perdemos; como poderia alguém arrebatar-nos o que não temos?
Por isso toma sentido, a toda a hora, nestas duas coisas: primeiramente, que tudo, desde toda a eternidade, apre
senta aspecto idêntico e passa pelos mesmos ciclos, e pouco importa assistir ao mesmo espectáculo em duzentos anos ou toda a eternidade; depois, que tanto perde o homem que morre carregado de anos como o que conta breves dias, consistindo a perda no momento presente; não se pode perder o que não se tem.

Marco Aurélio (Imperador Romano), in "Pensamentos"