segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bíblia do Caos - Millôr Fernandes

NOVO EVANGELHO 

Não, você não precisa de biblioteca. Cristo não tinha. E o livro só te dá uma profundidade maior caminho certo pra infelicidade. Não, você não necessita de esperança. Quem espera desespera e corteja a frustração das coisas que jamais se realizam. Todo projeto é um fracasso. A coisa mais bem sucedida atinge 70% do esperado. Não, você não precisa de amor. Amor acaba no azedume, na infidelidade, na violência do conflito entre egos em choque. Pra ser feliz, na verdade, você só precisa mesmo é de uma boa redução na taxa de juros.

http://www2.uol.com.br/millor/aberto/biblia/006.htm

Apotegmas do Vil Metal

Primeiro a religião prometeu um céu longínquo, sem jamais dizer onde ou quando. Depois apareceu o comunismo e pregou uma solução também bem distante; quando tudo fosse mais, e mais bem produzido, seria mais bem repartido.
Mas só mesmo quando surgiu a televisão e criou a sociedade de consumo, garantindo a felicidade colorida e fácil aqui mesmo na loja da esquina, foi que o pessoal entendeu. E começaram os assaltos e sequestros, com a redistribuição social imediata.

http://www2.uol.com.br/millor/

domingo, 10 de abril de 2011

O amor é um prêmio sem mérito


O amor é, por definição, um prémio sem mérito. Se uma mulher me diz: eu amo-te porque tu és inteligente, porque és uma pessoa decente, porque me dás presentes, porque não andas atrás de outras mulheres, porque sabes cozinhar, então eu fico desapontado. É muito melhor ouvir: eu sou louca por ti embora nem sejas inteligente nem uma pessoa decente, embora sejas um mentiroso, um egoísta e um canalha.

Milan Kundera, in "A Lentidão"

terça-feira, 5 de abril de 2011

Eu simplesmente amo-te

Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde. Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se.

Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"