segunda-feira, 22 de março de 2010

A semana começa com mudanças, muitas mudanças...

''Não quero a harmonia, por amor à humanidade não a quero.Quero antes ficar com os sofrimentos não vingados.O melhor mesmo é que eu fique com meu sofrimento não vingado e minha indignação não saciada, ainda que eu não esteja com razão.Ademais, estabeleceram um preço muito alto pela harmonia, não estamos absolutamente em condições de pagar tanto para entrar nela.É por isso que me apresso a devolver meu bilhete de entrada.E se sou um homem honrado sou obrigado a devolvê-lo o quanto antes.E é o que estou fazendo.Não é Deus que não aceito, estou apenas devolvendo seu bilhete da forma mais respeitosa".

Fiódor Dostoievski

quinta-feira, 18 de março de 2010

O homem de ferro

Homem de ferro

De Henrique Szklo

Me sinto ameaçado pelo mundo. Uma ameaça constante e perturbadora. Por isso sou duro, muitas vezes inflexível e implacável. Sinto que se o vento bater forte eu vou quebrar, por isso não vergo. Travo, resisto até a morte. Bato de volta no vento pra ele deixar de ser besta. Sei que é inútil. Sei que preciso relaxar, pra minha própria sanidade, pra minha própria sobrevivência. Sei de tanta coisa que não serve pra nada. Mas como vou abrir a minha guarda assim sem mais nem menos, esperando o direto no meu queixo. Como vou relaxar e gozar se a ameaça está sempre à espreita? Como, se eu sinto que um mínimo momento de fraqueza pode abrir as portas do meu castelo e me destruir por dentro? Estou cercado por cavalos de tróia. Isso se reflete na minha atitude, nas minhas relações, nos meus gestos. Sou uma pessoa dura. Acredito que minha linguagem corporal expressa essa inflexibilidade com mais presteza que as palavras. Isso afasta as pessoas, afasta os empregos, afasta tudo. Como diferenciar uma ameaça de um carinho? Como saber se a mão que chega vem para esmurrar ou para afagar? Na dúvida, eu impeço a mão de me tocar. Às vezes de forma áspera, como que uma mensagem subliminar: não volte mais aqui, não se atreva. Quem consegue uma aproximação comigo o faz à maneira dos adestradores de cães raivosos. Vêm com calma. Tentam ganhar a confiança lentamente com gestos nunca bruscos. Tentando comprar a confiança com pequenos pedaços de carne. Mas a maioria das pessoas não tem esta paciência, por isso correm o risco de serem mordidas pelo cão que tentam alimentar. Aliás, mesmo aqueles que acreditam ter adestrado o animal, correm risco constante de levar uma abocanhada. Ao meu lado, ninguém está totalmente seguro. Tentar transpassar minhas defesas, meu campo de força, minha carapaça é uma missão inglória. Sou uma pessoa blindada. Sou o homem de ferro. Tenho uma capacidade de proteção e de ataque invejável, mas não me comunico com o mundo exterior e tenho meus movimentos prejudicados pelo peso e pela falta de flexibilidade da armadura. É isso que eu sou, um herói solitário. Minhas pretensas boas intenções se perdem na minha luta contra o mal. Uma luta que brutaliza aos poucos, que desfigura lentamente as feições humanas. Não sei se algum dia conseguirei tirar meu traje protetor e encarar o vento e o sol e as pessoas de peito aberto. Todo herói tem seus dilemas. Herói bem resolvido não é herói. Talvez eu não queira ser herói. Mas só talvez. Talvez o que eu queira de verdade ainda não foi desvendado. Talvez nunca seja. Certamente nunca será.

domingo, 14 de março de 2010

O petróleo é nosso... é?

Em pleno século 21, onde o mundo todo fala em sustentabilidade e consciência ambiental, vemos Dinossauros da política brasileira brigando por uma certa quantidade de "óleo" que, já não bastando as propriedades tóxicas de tal óleo, eles ainda conseguem deixar o produto ainda mais sujo ao colocar todo o orgulho e toda a ganância sob ele.

A solução era um asteróide, mas não esperemos tanta bondade da natureza. Há outro asteróide: uma Assembléia Constituinte. Proposta que tramita, obscuramente, claro, pelos corredores da câmara. Tanto pelo próprio conteúdo da proposta, quanto pelo medo que os Dinossauros da nossa política tem de deixar o poder e a "boquinha" que é representar o "povo" no palanque da democracia, desfarçada, brasileira.

Ao Sérgio Cabral e seus amiguinhos eu reivindico o mesmo que eles. Eu não quero que 1 real meu, nem de muita gente, contribua para a maior palhaçada da decada: uma Copa e uma OlimPIADA num país que não consegue nem cuidar das suas crianças e de seus idosos. Num país onde a única distribuição de renda que funciona e que vemos pra onde o dinheiro vai é em um programa de TV, no programa do Silvio Santos. Um país que cospe na cara do cidadão e ainda vê no outro dia, na TV, o seu presidente e os seus comparsas rindo da sua cara, falando que não sabem de nada, te chamando de vagabundo e mandando relaxar e gozar.

Não, Sergio Cabral, eu não quero que 1 real meu vá parar nas suas "obras". E se for, eu vou te processar. Por que eu não permiti que o meu dinheiro fosse parar nas suas mãos, tão sujas de óleo. Antes fosse, somente óleo...